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Tchau unicórnios, agora é a vez das startups camelos

A seleção natural bateu à porta das startups. Até bem pouco tempo, quem triunfava neste mercado eram os unicórnios, aquelas novatas capazes de crescer de maneira exponencial até alcançarem valor de mercado de US$ 1 bilhão. Só que isso demandava uma quantidade brutal de recursos de investidores, algo hoje tão escasso quanto água no deserto. Não à toa, agora as startups de sucesso são chamadas de camelos. 

Elas são resistentes, adaptáveis e, mais importante, não demandam tantos recursos de investidores para sobreviver. No melhor dos mundos, elas geram receitas desde o primeiro dia de operações. O oposto do que ocorreu com as grandes startups do mundo na última década.

Por trás do fenômeno que irrigou as empresas inovadoras estavam os juros ridiculamente baixos nos países ricos. Desde a crise de 2008, os EUA conviveram com “Selic”

perto de zero, enquanto a Zona do Euro e o Japão passaram anos a fio com juros negativos. Era dinheiro de graça. Por outro lado, fazer essa grana render sem risco era ainda mais difícil. Aí que investidores topavam qualquer negócio.

No caso das startups, a engrenagem roda ao redor dos fundos de venture capital, ou VCs. O que eles fazem é comprar participações em empresas novatas, na esperança

de que elas cresçam e, no futuro, seja possível vender a fatia por valores exponencialmente maiores. Na ausência de uma bola de cristal, o que os fundos VC sempre fizeram foi escolher algo como 10 empresas para investir, na certeza de que a maioria iria quebrar no processo. Se uma delas vingasse e virasse um unicórnio, a conta fecharia.

Nesse processo, financiaram-se empresas que sequer tinham um modelo de negócio definido nem a menor ideia de como gerariam receitas. A promessa era de que elas primeiro arrebanhariam

uma base de clientes fiéis para depois cobrar por algum produto. Pense no app de finanças pessoais GuiaBolso (comprado em 2021 pelo PicPay), na edtech Resilia (que nasceu no B2B e se expandiu no B2C) adaptando o produto ao mercado. 

Só que as condições de temperatura e pressão que criaram essas startups mudaram drasticamente, e de maneira muito rápida. Nos EUA, os juros saíram da faixa de zero para a banda de 5% numa janela de um ano. No Brasil, a Selic saltou de 2% para 13,75%. Europa, Reino Unido e Japão também seguem elevando o custo do dinheiro, todos em um esforço de conter a maior inflação global desde os anos 1980. Isso significa que os investimentos mais seguros do mundo, os títulos públicos, voltaram a ser uma opção interessante. E sobrou menos grana para as startups.

Segundo a plataforma Crunchbase, que reúne dados de venture capital ao redor do globo, o financiamento de startups caiu 53% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022, para US$ 76 bilhões. E 2022 já havia sido 35% mais fraco que 2021, o recorde de aportes.  

E a grana está mais concentrada. Dos US$ 76 bilhões, US$ 10 bilhões foram

para a OpenAI, desenvolvedora do ChatGTP, num sinal de que investidores estão tentando dar tiros mais certeiros que no passado. Sem a febre de inteligência artificial, talvez esse número fosse bem menor, deixando definitivamente o recorde histórico do quarto trimestre de 2021 para trás, quando US$ 184 bilhões foram injetados no setor, um valor maior do que a capitalização de Vale e de Petrobras combinadas.

No Brasil, os negócios caíram 57% no mesmo período, para 101 aportes, de acordo com a plataforma TTR (Transactional Track Record). E quem conseguiu dinheiro recebeu menos: o volume aportado caiu 75%, para R$ 2,5 bilhões.

Um claro exemplo dessa crise é o Softbank, que administra o maior fundo de venture do mundo, o Vision Fund. O conglomerado japonês, que também tem negócios na telecomunicação, teve um prejuízo de US$ 5,9 bilhões no último trimestre de 2022. E a perda veio quase toda dos braços de venture capital, que investem pesado no mundo todo, tendo em seu portfólio nomes como

Uber, WeWork, Didi Global (dono da 99), Alibaba, Nubank, Rappi, Gympass, Loft, Loggi e QuintoAndar.

Já em 2022 o fundador do Softbank, Masayoshi Son, tinha dado a letra que a temporada de seca para as startups estava chegando, ao anunciar os primeiros prejuízos da instituição. “Quando entregamos um grande lucro, eu fiquei quase ‘delirante’ e, agora, ao olhar para trás, estou envergonhado, mas posso dizer que aprendi lições”, disse o bilionário em agosto do ano passado.

Fonte: Você S/A

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